quinta-feira, 7 de outubro de 2010

é, eu sinto falta...



[escrito no dia 02 de outubro de 2010]

uma das palavras de que mais gosto da língua portuguesa é ‘saudade’. o fato da sua exclusividade em nosso vocabulário talvez justifique parte do interesse... mas a sonoridade e poesia comportadas nela são os maiores motivos de sua singularidade aos sentidos, despertando a sinestesia deles. não obstante à minha predileção a tal palavra, sempre tive em mim a dúvida entre o quê seria mais forte: sentir saudade ou sentir falta.
hoje, com o Aurélio em mãos, concluo que ‘falta’ é mais forte que qualquer saudade. tal conclusão não se deve apenas ao recurso do significado das palavras, mas ao significado da repercussão delas em mim, à dor aguda que surpreendeu-me nessa manhã e me fez chorar como criança.

'saudade: lembrança melancólica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoa(s) ou coisa(s) distante(s) ou extinta(s).

falta: ato ou efeito de faltar, a saber – faltar: sentir ou sofrer privação de (coisa necessária ou com que se contava). ser indispensável (para se completar um número ou um todo). deixar de haver; não existir.'

a melancolia poética contida na ‘saudade’ remete-me à outra palavra, à ‘nostalgia’, aquela lembrança gostosa dos momentos lúdicos ou de situações que gostaríamos de reviver, mas que são possíveis apenas no campo da nossa memória. com ‘saudade’ faz-se poesia, música.

de folga, resolvi hoje dar uma faxina em casa. como toda ‘dona de casa animada’ comecei a cantarolar e de repente peguei-me chorando, de soluçar mesmo. foi aí que prestei atenção à música que cantava “mais perto quero estar meu Deus de Ti...”
muito além da beleza da letra e da melodia, está a emoção a que sou remetida – lembra-me do meu avô. chorei e choro pela falta que ele me faz.

um homem rico em virtudes, que deixou como herança o exemplo imortal de dignidade não só aos filhos, netos e bisnetos, mas a todos que conheceram o privilégio de ouvir suas palavras – as ditas e as vividas. um guerreiro, um pastor, um cavalheiro, um herói da fé. 15 anos foram pouco, eu queria mais. contento-me com a certeza de que Deus é o autor do tempo e que Ele soube medir a suficiência do prazo em que vivi com ele. ouvi muito, vi mais ainda. só hoje, com a maturidade adquirida com a idade e as experiências de vida, sei avaliar a importância das tantas pessoas que o procuravam – eram o resultado de sua vida cativante, de sua sabedoria. meu avô era uma escola de princípios e boas maneiras... envergonho-me ao pensar nas vezes em que transgredi seus ensinamentos. empenhou-se tanto para agradar o coração de Deus que chegou perto da perfeição, e não há quem diga o contrário. uma vida ímpar. uma amostra do amor de Deus para com os seus ao enviar pessoas como ele – que amava fazer o bem, importava-se com a justiça. um homem de família, que iniciou uma nova geração e marcou várias. dias antes de voltar ao Pai, em seu último discurso falado, mostrou o quanto amava os filhos e deixou-nos o alerta: “não deixem o cajado cair”. isso também nos sustenta quando bate aquela vontade de jogar tudo pro alto. segundo o médico, ele morreu orando, conversando com Deus. imagino que a conversa estava tão prazerosa que Deus decidiu levá-lo de volta, pra MAIS perto Dele. meu avô vivia perto de Deus.
saudade eu tenho das conversas no sofá com o livro dos bichinhos, das tantas balas no fim de semana, dos ensinamentos no orquidário, dos almoços de domingo e dos doces que ele fazia nas festas de fim de ano. sinto falta do abraço, do som da voz, do único ‘cheirinho de vô’ que conheci. sinto falta da presença física.

hoje não é nenhuma ‘data especial’. o dia hoje fez-se especial pelas lágrimas derramadas e pelo motivo que as trouxe ao meu rosto. finalmente sei a diferença de ‘sentir saudade’ e ‘sentir falta’... até hoje aprendo com ele. eu conheci a melhor pessoa do mundo.

enfim, acho que ‘sentir falta’ é uma mistura de saudade, nostalgia e dor. o buraco oriundo pela ausência do que nos era indispensável dói mais que a lembrança suave daquilo que se foi.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

.minha árvore.



em minha última viagem pra casa, no feriado de setembro, ocorreu-me um pensamento e lamentei a falta do meu caderninho de anotações, sempre à mão. eu o havia deixado na mala que estava no bagageiro. na falta de ter algo para prender a idéia, rascunhei algumas palavras no celular e continuei vendo através da janela, a árvore que me trouxera os pensamentos à mente.
durante a viagem a paisagem não muda muito, já que a predominância das montanhas é a peculiaridade do relevo local. entretanto, uma coisa estava diferente: o verde não estava verde, mas num tom amarronzado oriundo da poeira que denunciava a secura do solo e a falta de vigor das plantas, sedentas por uma chuvinha.
no alto de uma montanha, vi uma árvore linda. certamente pela distância, não a considerei alta, mas a copa ampla fazia com que a sobra fosse enorme e convidativa em meio ao pasto seco e tão fortemente ensolarado. ao ver a árvore, pensei na minha família.
e é agora que deixo a descrição da paisagem para falar da analogia que me veio à mente.
existem pessoas que são como aquela árvore no meio da imensidão seca – parecem milagre, dão abrigo do sol, atenuam a força dos pingos da chuva, saciam a fome e ainda guardam nosso sono.
vejo o mundo como um grande espaço amostral composto por elementos que podem ou não ser combinados entre si. a possibilidade da combinação não é determinada pela natureza deles, mas pelo resultado que se originará da reação. (não gosto muito de química, mas ouso utilizar o pouco conhecimento que tenho dela para ilustrar minha teoria.) é como se no mundo inteiro existissem umas poucas pessoas que combinadas à você, evidenciariam a sua pior parte, ao passo que algumas outras faria o contrário. o restante seriam ‘partículas neutras’. não que as primeiras sejam pessoas más, de caráter dissimulado ou valores deturpados, não. mas elas possuem alguma característica que combinada à uma outra sua não resultaria em boa coisa. esse tipo de associação pode arruinar a vida de quem tem a infelicidade de ser parte dela. com os olhos cegos, podemos ser um alvo fácil e ceder à manipulações tão inconscientemente impostas que teríamos como verdade algo que sempre defendemos ser mentira, consideraríamos virtude adjetivos que são universalmente condenados como defeitos, preferiríamos a pessoa que nos ‘faz mal’ aos que nos querem bem, e isso tudo se daria de maneira tão sutil que elegeríamos como melhor amigo (a) aquele que nos afastasse da nossa própria família. ainda assim, insisto em dizer que a história não teria vilão. é como pimenta e olho - não existe um vilão, mas os dois não combinam e se houver insistência o resultado é doloroso.

as ‘partículas neutras’ seriam os colegas, aqueles que não lhe despertam nem o bem nem o mal, os ‘mais ou menos’, os que simplesmente coexistem com você.

o outro grupo, que faz o contrário de evidenciar o nosso pior, ou seja, evidencia o nosso melhor, são a família e os amigos. ah, que BÊNÇÃO é tê-los! cada um possui uma característica que combinada à outra sua vai desenvolver uma virtude e fazer de você alguém melhor. existem os que vão lhe acrescentar amor, inteligência, seriedade, leveza, simplicidade e tantas outras qualidades que apesar de já existirem estavam à espera de um catalisador que as fizesse ser mais notória. e são à essas pessoas que eu devo o que sou hoje. depois da experiência que me fez ter essa idéia de que relações são análogas às reações químicas, passei a empenhar mais vida ao cultivo das verdadeiras amizades, a começar pelos meus pais e irmãos e estender-me aos verdadeiros amigos, cujos nomes nem precisam ser citados. sinto-me plena ao suspirar e poder agradecer a Deus por cada vida que VIVE comigo. levantar-me depois de uma queda não seria possível não fossem as mãos sinceras que me são estendidas. recomeçar não teria motivo senão o de querer continuar saboreando os dias ao lado de pessoas que tão singularmente eternizam momentos em minha memória e adornam o meu coração.
essas são a minha árvore em meio o nada desertificado, minha sombra em meio ao sol causticante. árvore de tronco forte e inquebrável, de raízes profundas e inabaláveis.

o que seria eu sem os que me reafirmam os valores e corroboram minha identidade?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

desvenda-me.





sem lentes, sem lupa, sem óculos...
será que consegue lê-los?

gritando, cantando, chorando, sorrindo...
será que você consegue ouví-los?

fechados, abertos, secretos, sem medo...
será que você consegue vê-los?

na luz, sem sombras, desnudos...
o que eles dizem a você?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

di'vagando...



vou ao quarto e pego meu caderninho de pensamentos; visto mais um casaco e calço as luvas ( – meus movimentos limitados pelo excesso de agasalho.); dicionário à postos; celular no silencioso; coloco os fones de ouvido e seleciono uma baladinha melancólica de Jars of Clay para ‘silenciar’ a voz 'alegre demais' do desenho animado que meu irmão resolveu assistir justo agora... 'agora sim posso conversar comigo'.... TPM me deixa muito vulnerável, não gosto disso. sempre preferi guardar minhas emoções e sentimentos num lugar inacessível à qualquer pessoa que não seja eu mesma. previsível, não?! poisé, tenho descoberto uma ‘Thaiz’ tão previsível como as adolescentes de 13 anos... não me orgulho nem um pouco desse fato. o que o corrobora é a necessidade de clichezinhos românticos e ‘cantadinhas’ baratas para massagear o ego depois de uma decepção que o magoou. mergulhada no contexto do filme “Orgulho e Preconceito” desejei ter nascido na época em que a história se passa. época de galanteios clássicos, elogios que motivavam o ‘riso interno’ e olhares mais densos que qualquer toque. [suspiro]. cavalheirismo me encanta, acredita?! sou contra a mecanização dos atos, tipo abrir a porta ou ceder a vez tencionando malícias. naquela época o que embasava tais gestos eram os sentimentos nobres, o desejo de estar ao lado, de poder dançar junto ou então segurar a mão da moça. e as serenatas e poesias declamadas?!

‘ai Thaiz, você sonha demais, sai da casinha com coisas que não existem mais’.


hoje é tudo fácil demais. amar é que continua não sendo tão fácil assim... a decisão requer maturidade, força, ousadia... ah, e não venha destruir a imagem romântica que tenho da ‘velha juventude’… deixe-me acreditar na pureza que vi no filme… deixe-me acreditar… deixe-me sonhar…

* Sad Clown -
“You say how's the weather, so i look out the window
to brighten my soul, but i can't control the rain
that keeps falling
Smile on the outside that never comes in
a comedy mystery, irony, tragedy
so i scream "let the show begin"

You break me open, turn on the light
stumble inside with me with me

Do i entertain you
Do i preoccupy you with my wit to cover this lie
Are you mesmerized
Do you think me faithful, do you think me a clown
I picked out this shirt, i put on this hat
I wore all this paint just for you”


esse talvez seja o post mais ‘impensado’ que já publiquei. não vou relê-lo nem sequer lapidá-lo. vai ficar assim, como uma nota do meu caderninho. desabafos não são editados, são?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

compartilhando o que é belo.



faz um tempo uma amiga (muitíssimo querida) enviou-me um dos textos mais lindos que já li sobre o amor. esperei o ‘momento certo’ de compartilhá-lo com você, que acompanha minha vida escrita por aqui... esse texto é um desejo meu, pois anseio viver um AMOR BONITO, cuja beleza retrate a força e a pureza dele. entendi que o amor forte não traz tanta felicidade... quero um ‘amor bonito’ que me proporcione todas as sensações sinestésicas, psicodélicas e mágicas que ele traz! amar é decisão, eu decidi ser feliz. sem mais delongas, eis O texto:


"AMAR BONITO

Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar:
Aprendam a fazer bonito seu amor.
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender...
Tenho visto muito amor por aí.
Amores mesmo: bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva.
Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos.
Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção.
Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.
Aí, esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam,descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões.
Sim, de razões.
Ter razão é o maior perigo no amor.
Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão.
Nem queira!!!
Ter razão é um perigo: em geral, enfeia um amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada.
Amar bonito é saber a hora de ter razão.
Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito?
De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possível?
Talvez não.
Cheio ou cheia de razões, você separa do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.
Quem espera mais do que isso sofre e, sofrendo, deixa de amar bonito.
Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança.
E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia.
Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama.
Saia cantando e olhe alegre.
Recomenda-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando, não se cansar de olhar e olhar, não atrapalhar a convivência com teorizações, adiar sempre se possível com beijos 'aquela conversa importante que precisamos ter', arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida.
Para quem ama, toda atenção é sempre pouca.
Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível.
Quem ama bonito não gasta tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como criança de nariz encostado na vitrine cheia de brinquedos dos nossos sonhos); não teorize sobre o amor, ame.
Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.
Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade, abrir o coração, contar a verdade do tamanho do amor que sente; não dar certo e depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito).
Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabiamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser.
Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs.
Falando besteiras, mas criando sempre.
Gaguejando flores.
Sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil.
Revivendo os caminhos que intuiu em criança.
Sem medo de dizer eu quero, eu estou com vontade.
Deixe o seu amor ser a mais verdadeira expressão de tudo que você é.
Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto.
Não se preocupe mais com ele e suas definições.
Cuide agora da forma do amor:
Cuide da voz.
Cuide da fala.
Cuide do cuidado.
Cuide de você.
Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz." __ Artur da Távola.


- o difícil não é impossível... é apenas uma 'barreira' à valorização completa do que realmente merece ser valorizado! ;)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

identidade - reflexo da renovação diária da mente.



entendo que a verdadeira mudança é aquela que COMEÇA no interior e só quem sofre o processo consegue percebê-la. sabe aquela satisfação de conseguir fazer algo que antes lhe era impossível? sinto-me feliz em poder dizer que essa sensação tem sido cada vez mais freqüente em minha vida e o sentimento gerado por ela é interessante - desperta o desejo de SER MELHOR todos os dias. a mudança externa é CONSEQUÊNCIA – investir em relacionamentos; o tratamento para com as pessoas; o amor; o respeito e enfim, as atitudes diferentes ( e espero que melhores) para com aqueles que me cercam.
(é inquestionável o fato de existirem pessoas que despertem tal ‘desejo de melhoria’ em mim, mas acima delas está a revolução que acontece em mim - aquela a que só EU e ELE temos acesso.).
esse ‘lance’ de fazer ou agir de acordo com o que esperam de mim, ou então para simplesmente ser cordial não faz parte da minha realidade mais - é superficial demais. faço e ajo de acordo com a motivação REAL que existe em meu coração e mente. as pessoas são apenas alvos daquilo que tenho experimentado aqui dentro. aprendi que tudo o que é feito para que os outros vejam e aplaudam é sinônimo de hipocrisia. mais importante que ver minhas atitudes e palavras serem plausíveis aos olhos alheios é conhecer a verdadeira relevância delas aos MEUS próprios olhos, deitar no travesseiro a noite e fazer minha auto-avaliação diária, percebendo que cresci em determinadas áreas e que em outras preciso dedicar-me mais. fisiologicamente não existe crescimento sem dor. creio emocionalmente também não. não é confortável deixar de ser criança no campo das emoções. amadurecer idéias e aplicá-las à nova demanda da ‘vida adulta’ é uma tarefa que exige destreza e sabedoria.
na aula inaugural do curso de filosofia que vou cursar no próxima semestre, o professor disse algo que creio que estará em minha mente enquanto eu puder ‘dominá-la’: “Os maiores filósofos não ficaram conhecidos por terem sido grandes pensadores. O que os destacou foi o fato de eles possuírem a ponte entre as grandes idéias e a prática delas”. creio que essa seja a chave para a sabedoria – possuir o conhecimento e aplicá-lo, seja na área que for. o que adianta a um engenheiro elétrico não saber economizar energia?! da mesma forma, não adianta você adquirir conhecimentos riquíssimos com as ‘lições da vida’ e deixar de aplicá-los em seu cotidiano. a vida é preciosa e detalhista, exige que tenhamos discernimento para as pequenas coisas, já que são elas que compõem as grandes. Deus é o único que pode capacitar-nos nessa ‘tarefa’ de sermos melhores todos os dias. Ele sabia que a semente para a boa convivência estaria em cada um, de maneira peculiar... Ele respeita a nossa singularidade e mesmo em meio a uma multidão, contempla cada coração e mente de maneira única.
“mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança na mente de vocês.” (Romanos 12.2). todos os dias somos bombardeados por informações que resultam numa mixórdia em nossa mente. ao render-nos à corrida capitalista em que somos inseridos, deixamos de ter tempo para avaliar nosso dia, nossos atos. por isso faz-se necessário entregar a Ele nossa mente e nosso tempo. SÓ Ele tem poder para excluir do nosso sistema todos os ‘spams’ que recebemos minuto pós minuto... e SÓ Nele encontraremos refúgio para termos tempo de qualidade – para avaliar, melhorar e crescer.

eu quero ser melhor, todos os dias. quero melhorar pra mim mesma e pra Ele, antes de tudo. o “amor ao próximo” se dá quando entendemos que somos amados por Deus de uma forma indescritível. é esse amor que nos capacita a amar a nós mesmos e o outro.

SÓ em Deus conseguimos crescer com a pureza de criança, sem perder nossa identidade, mas tendo-a restaurada e reparada por Ele.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

dança no silêncio.




assisti um filme ontem, “The Horse Whisperer (O Encantador de Cavalos)”. muito interessante. um cenário maravilhoso, de natureza exuberante e cativante. dá vontade de morar num rancho daqueles! além disso, havia na trama o romance de Annie e Tom, que me arrancou suspiros! tão envolvente acompanhar o flerte, a delícia da surpresa dos pequenos detalhes que enfeitam os momentos do nascente casal... ai ai! uma cena em especial chamou-me a atenção. na verdade, fiquei encantada com ela! na tal cena, Annie e Tom começam a dançar. embalados pela melodia e tomados pela paixão ‘proibida’, eles se deixam envolver pela magia do momento... começam distantes , superficiais. aos poucos, Tom começa a acariciá-la nas costas, a apertar-lhe a mão e enfim, aproxima-se dela. juntinhos, eles conseguem sentir as batidas do coração um do outro, que bate descompassado e forte, naquele ritmo que é peculiar dos casais apaixonados. a música termina e eles se separam.

sou fã de carteirinha da linguagem corporal. quando os lábios emudecem, o corpo tem o poder de estabelecer um diálogo profundo e intenso em que cada gesto revela um sentimento tão sublime, que não pode ser descrito com palavras, cada olhar revela a intimidade mais pura e verdadeira que qualquer combinação de letras conseguiria expressar.

o filme deixa claro que amar não basta. há de se relevar inúmeras outras coisas para dividir a vida com outra pessoa. não basta ser lindo, forte e arrebatador, o amor tem que ser também ponderado e racional para optar pelo melhor para o casal e para os que vivem com ele. não, eu não errei ao digitar ‘racional’. essa de que amor é ilógico, impetuoso e ‘cego’ não é verdade pra mim. amar é atitude, decisão, prática. gosto de ser uma pessoa pensante que ama. sentimentos não podem ser estratégias de conquista e nem de convívio. eles são fruto desse convívio e motivam essa conquista. é preciso ter destreza para continuar dançando juntinho, amando, mesmo que seja no silêncio. nessa hora, o coração ajuda bombeando o sangue pro cérebro, que é o verdadeiro centro das emoções.

bem aventurados os que treinam seus ouvidos para captarem ‘sons escondidos’, pois no silêncio enlouquecedor o ‘tum-tum’ será O detalhe.


[eu vou continuar no salão...]

sexta-feira, 9 de abril de 2010

leia.




esses dias eu estava revendo minhas comunidades no orkut e acabei saindo de uma que diz que “a leitura muda as pessoas”. saí porque não concordo com o título. a leitura NÃO muda as pessoas – a DEDICAÇÃO à leitura é que tem o tal poder de transformação. quantas coisas você lê simplesmente ‘por ler’?! passando o olho por cima é meio complicado absorver o que está escrito.

graças a Deus meus pais são do tipo que incentivam qualquer atividade que aprimore o intelecto. eu e meus irmãos fomos apresentados às palavras logo cedo. (a gente chegava a ‘brigar’ por um gibi da turma da Mônica... ou então uma revistinha ‘nosso amiguinho’!) comecei a juntar as sílabas aos 4 aninhos (que fofurinha deve ter sido, haha!). ler mesmo, acho que foi algum tempo depois. claro, porque ler é DIFERENTE de juntar sílabas. fico ‘encucada’ com quem se satisfaz com a mera decodificação das letras...
ler vai além, ler é interpretar. não no sentido de encenar, mas no sentido de ter o conhecimento prévio que permite a “leitura das entrelinhas”, saber o que o autor quis dizer. um bom leitor sabe ler interpretando e, além disso, observando a escrita, assimilando novas palavras ao próprio vocabulário. isso é fantástico!
os livros, especialmente, têm a magia de nos permitir viagens a épocas e lugares diferentes, apresenta-nos um ‘mundo desconhecido’ que até então permaneceria oculto a quem o descobre! quando alguém diz que “não há melhor amigo que um bom livro” está fazendo referência à ótima companhia que ele é, ao conhecimento que ele oferece! livros conversam com a gente. quem “lê por ler” continua escrevendo mal e sendo pobre em palavras. isso é MEDÍOCRE. quero deixar claro aqui que não sou do tipo que faz acepção de pessoas pelo grau de intelectualidade dela... MAS eu acho OFENSIVO um universitário não ter um mínimo de conhecimento sobre a língua portuguesa! isso IRRITA. aliás, mais ofensivo ainda é quem busca aprender novos idiomas sem nem saber falar o próprio idioma, que ouviu desde o ventre! é por isso que o Brasil sempre está em DÉFICIT educacional, porque os profissionais recém formados pensam que o conhecimento na área estudada basta. esquecem-se de que para ter um pouquinho que seja de persuasão, (que ao meu ver cabe em toda profissão) precisa SIM conhecer ao menos um pouquinho de português! o governo nunca vai investir na educação com seriedade. é conveniente um povo semi analfabeto, que escreva “pareÇe” e “ageMte”. ah, e não me venha com essa de que sentimentos não precisam ser bem ditos... se for fazer uma declaração de amor, diga “eu amo você” ao invés do “te amo”. lembre-se de que pronomes oblíquos não iniciam frases! ( a dica vale pra qualquer estudante, seja lá a ‘série’! er... não precisa ser extremista também , né... há de se ter sabedoria na hora de escolher a forma de falar de acordo com quem vai ouvir!)

estou longe de dominar todas as regras de pontuação, coesão e ortografia. não sei conjugar todos os verbos. provavelmente dá pra enumerar meus erros nesse texto. já perguntei ao meu irmão se o certo era “enchergar”. não sou o Pasquale, entende? mas quando tenho dúvida, pergunto... e tento APLICAR ao meu dia a dia as regrinhas que aprendi na época do ginásio!
uma coisa eu vou ressaltar... além de fazer apologia à leitura, faço o mesmo pela leitura da Bíblia. de todos os livros, revistas, textos e poemas que li, não encontrei um livro mais COMPLETO que Ela. acho graça de quem A coloca como referência no item “livros” do questionariozinho do perfil no orkut. quero ainda conhecer alguém que ame todos os livros! aliás, enquete: quem é fã de números?! já li todos os livros da Bíblia, mais de uma vez até... não, eu não gosto de todos.

não era para sair tão grande assim... mas quando o assunto é português, eu sempre tenho MUITO a falar. (acredite, eu escreveria mais se tivesse a certeza de que não daria preguiça a alguns leitores, rs!).

p.s1: o word apenas corrige palavras, ele não incrementa o vocabulário de ninguém.
p.s2: assim como o corpo precisa de comida e o espírito da Palavra, a mente precisa de leitura. quer prevenir-se do Alzheimer? leia, leia, leia, leia, leia. alterne o modo como organiza suas gavetas. altere o percurso que faz para ir ao trabalho. leia. leia.leia.leia.

faça do dicionário o seu recurso mais utilizável. entenda que saber português facilitará o seu aprendizado na vida. saber falar vai ajudar você a ser mais facilmente compreendido, pois suas idéias serão expressadas de maneira mais clara.

leia e aprenda. facilite a SUA vida e a de quem vive com você. a fala mais imponente conquista. faça do português o seu melhor amigo. =)

segunda-feira, 29 de março de 2010

play me.



-->

quero um maestro, um regente, um músico. sou um conjunto de notas descompassadas, preciso que alguém me dê um ritmo. não quero nada rompante, mas também nada previsível. sou surpresa.

quero extremos, quero oitavas opostas, staccatos, contratempos e acidentes musicais. tender ao mistério com minhas notas mais graves e ao romantismo, com os tons mais altos. sabe aquelas músicas que parecem ‘colar’ no ouvido da gente? é isso – quero ser inesquecível e apaixonante.

quero ser uma harpa, para ser estudada com doçura e empenho. quero alguém que me aprenda, que conquiste de mim os mais lindos sons.




sexta-feira, 15 de janeiro de 2010




carta a um desconhecido.





é provável que você questione o sentido destas linhas ao lê-las. na verdade, até eu o faço pois, por sermos estranhos um ao outro, o significado das palavras tende a pesar mais em mim, visto que para você elas foram vazias até agora.

se buscas em mim o preenchimento para tua carência sentimental ou até mesmo carnal, sinto dizer-te que estás enganado de endereço.

por detrás dessa fortaleza (que vê à minha frente) mora uma intensidade profunda cuja fragilidade é muito valiosa para ser exposta a um aventureiro qualquer. no entanto, cumprimento – lhe por sua determinação (ou seria ‘curiosa insistência’ apenas?), chegar aqui não é fácil e, de certa forma, você abriu algumas portas... mas, como a maioria, contentou-se com isso apenas – entrar. (quantos entram e não ficam... tornam-se indesejáveis.) esqueceu-se do labirinto no jardim e acabou se perdendo nele... esqueceu-se dos inúmeros quartos e das escadarias que servem para enganar os desatentos e proteger a torre principal... esqueceu-se. ou então acovardou-se. ou então contentou-se.
a torre abriga a pureza, a magia, a flor. sim, a flor! a flor que exala o perfume que te encantou... sábio protetor, o encanto lhe enganou fazendo-o achar que era ele a melhor parte quando, na verdade, ela está na flor, no nascedouro do esplendor.
a flor será entregue ao bravo que interessar-se por ela e assim empenhar-se em descobri-la, ao bravo que aprender fazê-la desabrochar.

se a superficialidade do beijo desapaixonado e do abraço desinteressado te basta, não és digno de ter a flor, de poder chamá-la “MINHA flor”.

uma flor sabe que seu perfume e sua cor embelezam e alegram os dias de quem a contempla. uma flor conhece seu valor próprio, seu valor único, sua individualidade e, por valorizar-se, seleciona os olhos que poderão vê-la, as mãos que poderão tocá-la, a vida que por ela será colorida.

se o encanto da flor basta, e não ela por inteiro, não és digno de contemplar a plenitude dela. se a comodidade do costume da companhia é suficiente, és covarde.

a covardia não merece a vida. a vida merece (e pede) coragem. a coragem é amiga do interesse; o interesse caminha com o empenho; o empenho é visto com a atitude; a atitude precisa da sensibilidade, que é a chave para a escadaria principal - a escadaria que leva à torre. só quem procura entender a grandiosidade que um detalhe possui consegue ser grande.

se não tens sensibilidade para imaginar como é ver através dos olhos da flor, não conseguirás valorizar as cores como ela. se, com a flor na mão, não vires o brilho do sol com a mesma importância com que ela o vê (ou ao menos aproximar-te disso), não entenderás que todo esforço é vão quando o combustível para a vida é diferente.


Julga-se ainda apto a prosseguir nessa aventura?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010




não acredito que sentimentos sejam egoístas. não acho a raiva egoísta; não acho a dor egoísta. acho que eles são incompreensíveis – só quem as sente sabe o quanto incomodam. Camões foi feliz em dizer que a dor deve ficar escondida no peito, em dizer “ a dor que minha alma sente/ de mim só seja chorada/ de ninguém seja sentida/ .../ não na saiba toda gente.”
por melhores que sejam as palavras escolhidas para descrever algo que me magoa, não conseguirei colocar nelas a vida (ou a morte) que representam para mim. eu posso querer compartilhar, dividir a dor... mas a divisão será sempre desigual – eu carregarei o peso maior, e só eu poderei decidir o que fazer com ele. acredite – sofrer sozinha não é egoísmo, é a única outra opção que me resta diante da incompreensão, que seria o outro caminho, e que certamente, ridicularizaria o que é importante para mim.
nunca invejei a superficialidade, apesar de saber que ela simplifica quase tudo. gosto de intensidade; profundidade; complexidade. é, eu sou exatamente assim – intensa, profunda e complexa. existe em mim um complexo de sentimentos misturados na iminência de explodirem. o que restará depois da explosão não sei; só sei que certamente ficarão resíduos inflamáveis que servirão de base para uma outra ‘bomba’, e assim seguirei – explodindo, acalmando, limpando, reconstruindo, explodindo... e como esse ciclo acontece aqui dentro de mim, só eu o conheço. e não é por falta de vontade que não o explico a você, o que ocorre é que desconheço os meios para explicá-lo. o ritmo dos fatos é alterável, o que invalidaria qualquer manual.


ei, psiu! me descobre?!