segunda-feira, 20 de agosto de 2012

como o ditado quer dizer...




uma pedra solta num penhasco penderá para o fim do abismo a não ser que mil homens arrisquem suas vidas e formem uma barreira para contê-la. ou então, que um só homem tenha uma ideia inovadora e rápida o bastante para salvar a pedra e a vida prestes a ser esmagada por ela. o fato é que no desenrolar do seu percurso, a pedra se machuca e machuca. ela arranha e é arranhada. é uma luta narrada por Talião – o chão que recebe a ferida, magoado por ter sido ‘pisado’, devolve, na mesma força e intensidade, o ferimento recebido. é a física  da vida – colhe o que se planta. 

e essa história toda de pedra, penhasco e Talião foi só pra divagar mesmo. espertinho, meu cérebro decidiu pensar em outras coisas pra não ter que ouvir e ler sobre o real motivo de ter-me feito sentar e escrever. não preciso explicitar esse motivo, quem me lê nas entrelinhas decifra cada palavra que o papel não recebe. mas o hoje e o agora precisam ficar eternizados aqui. porque antes disso, ficaram em meu coração, alma e pensamento. 

em vão minha alma tenta se refrigerar em viagens e palavras sem nexo... a verdade é que as coisas caminham sozinhas para o destino que elas devem ter. não falo de destino como uma força superior imutável, mas de rumo, direção. depois que um fato determina o sentido de uma situação, será necessária uma força cósmica para retroceder a progressão da sequência de outros fatos consequentes ao primeiro. existem coisas que demandam mais que querer e sonhar, que não dependem do meu eu ou da minha força de querer fazer ser. escapam de mim e alojam-se num lugar em que não alcanço. e de tanto correr, já não tenho força pra subir a escada. (sei que posso parecer contraditória, mas há uma linha tênue entre o que eu quis dizer e o que possa te levar a fazer tal julgamento).

complexo, não? mas acredite: não há como simplificar. quer dizer, há sim, mas talvez seja dolorido demais constatar o óbvio.

... água mole em pedra dura bate tanto, que transforma a solidez da rocha num vulnerável grão de areia.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

coragem, menina covarde!



coragem para acordar e continuar sonhando nesses dias de insônia,
para vestir-se e sair radiante num mundo que te quer despida e apagada,
para andar com os pés no caminho certo quando os atalhos tem enfeites em neon,
para chegar aonde planejou ao sair de casa, mesmo quando alguém tentar te desviar da rota.

coragem, menina, para experimentar um suco novo... não tema! pode mesmo ser gostoso!
coragem para gostar, desgostar, para começar, terminar, recomeçar. para parar de tentar.
para manter os olhos abertos até para aquilo que não quiser ver,
para voltar, correr ou quem sabe, voar!

coragem, menina, deixe de covardia!
para aceitar, para dizer não, para mudar de posição.
siga instintos – sem eles, nem uma tartaruga sobreviveria!
pondere. arrisque. pense. faça.

coragem, menina, para ser você. para ser feliz;
para sofrer, rir, chorar, gargalhar;
para guardar dentro de si a dor que não lhe couber no peito.

para gritar ao mundo a lágrima que abafou sua voz.
para matar a vontade, para morrer de vontade.
coragem, menina, para ter coragem de viver.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

ponto. final?




e porque acabou significa que teve fim?

uma coisa é fato: se acabou, não era amor. amor não acaba. pode acontecer de ele ficar pequeno demais, e por isso, começar a sufocar (um indício disso é ‘falta de ar’), ou então, ficar tão grande que torne impossível a caminhada. como já disse em publicações anteriores, o amor pode ‘deixar de servir’. mas acabar não, isso não é coisa de amor. 

quando o fim se aproxima, você pode optar por apressá-lo, procrastiná-lo ou então, deixar que os fatos prossigam no ritmo habitual. independente do que escolher, proteja seu coração, pois será bombardeado de críticas. elas virão de todos os lados, e serão embasadas pelo sentimento de posse que as pessoas nutrem em relação a você. pois só falamos com propriedade de algo que nos pertence.

é por isso que falo com propriedade da minha dor. e acredite, não há analgésico mais eficaz para as dores da alma que escrever sobre elas e para elas. porque as dores da alma são egoístas, gostam de ler sobre si mesmas. gostam de ser descritas com palavras rebuscadas... por isso elas são tão avassaladoras, porquê querem ser percebidas e sentidas com toda a riqueza dos detalhes que a fizeram nascer.

mas enfim, a dor do fim. a dor pelo fim, de vê-lo se aproximar e não saber como enfrentá-lo, ou se ele deve ser enfrentado, ou aceito, ou adiado, ou adiantado ou...  enfim, é o fim! não há como evitá-lo. ele é o futuro do finito. e é o destino de muitos ‘sempres’ jurados impulsivamente. engraçado perceber que uma única sílaba seja precedida por tantas palavras... tantas explicações ensaiadas, tantos porquês descartáveis...

na verdade, não interessa o que vem antes do ponto final. depois dele, as palavras que o precederam são transformadas em lembranças. e não importa se serão doces ou amargas. acabou. e ponto final.