sábado, 30 de dezembro de 2017

prospectiva 2018.



geralmente, na passagem de um ano para o outro, coloco foto de uma paisagem refletida no retrovisor do carro e vou brincando de fazer analogia entre as imagens que a gente vai deixando pra trás e o aprendizado que adquirimos com elas. 

nesse ano, que foi marcado por mudanças tão significativas, a foto escolhida  contrariou totalmente a tradição das publicações anteriores nessa mesma data.
escolhi uma imagem que retrata um horizonte desconhecido, e a imagem escolhida marcou o início de uma vida que tem se feito nova todos os dias.

talvez um dos aprendizados mais significativos dos últimos anos e que eu não quero perder em 2018 é esse: olhar para frente. não quero dizer com isso  que rever o que passou não tenha importância. até mesmo por que não invalidamos a vida que vivemos e o passado não deixa de existir. mas algo q entendi é que por mais que tenha sido importante ou marcante ou feliz ou triste ou o que quer que a gente sinta que tenha sido: FOI. acabou. o que aprendemos faz parte do presente, acaba sendo incorporado à nossa identidade e realidade e, por isso, não precisamos nos ater às lembranças para nos apropriarmos das lições adquiridas.

olhar para trás às vezes requer força , mas olhar para frente pede coragem. remexer lembranças pode ser algo dolorido e, por mais que seja necessário abrir e esvaziar gavetas, é o que será colocado nelas que faz parte do hoje que se escolheu viver. abrir a porta do desconhecido é o que nos faz viver. 
saber que existe um caminho a ser percorrido e não conhecê-lo é o mistério que nos move em direção aos nossos sonhos, àquilo que almejamos ser e que pode se perder se não rompermos com as prisões do passado.

minha meta para mim mesma e o que desejo para todos que eu amo neste ano que já está começando é: olhar pra frente. não perder de vista o caminho que se unirá ao céu e saber que ele está à frente esperando para ser vivido, não só sonhado. saber perceber que o clichê de falar que ‘o presente é um presente’ não é vivido por quase ninguém, e que alcançar a sabedoria dessa frase tão corriqueira é um dos maiores desafios que temos todos os dias ao amanhecer.
olhar e avançar no caminho não é algo que fazemos sozinhos, mas é uma decisão que tomamos individualmente, assim como as pessoas que escolhemos levar nessa caminhada.
os dias não vão passar mais devagar, nós é que precisamos correr menos, trabalhar menos, ficar menos no celular, falar menos, esperar menos... o mais que virá como ‘recompensa’ disso é a vida feliz que, por tanto querermos, deixamos escapar por entre os dedos quando nos chega às mãos.

para 2018, um olhar mais grato e amoroso para o amanhecer e para o horizonte que não vemos, sem perder o agora, pois é ele, e não o que ficou para trás, que irá compor a melodia que vamos cantar e dançar nesse dia que nasce de presente pra ser o presente.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

por uns fios


o vento dita o ritmo e a cadência
e as folhas simplesmente dançam.
simples, não mentem.
sentem e dançam.

há quem passe e não ouça.
há quem veja e não sinta.
invisível, ele continua soprano,
acariciando as dançarinas com sua brisa piano.

embaladas por essa valsa de liberdade,
bailam gozando a sinfonia da própria verdade.
a cada face virada, uma cor
e não há quem ouse julgar as raízes desse amor.

não seria lição pro nosso coração,
esse sorver a vida e fazer canção?
folhas no fio frio a nos chamar
pra sentir o calor do amor e dançar.


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

romance.







ainda quero...


eu queria poder mudar seu olhar,
mudar o jeito de você me enxergar.
e mostrar que eu posso ser além de amiga,
que podemos juntos redescobrir a vida.

queria poder mudar essa coisa toda...
não aqui, mas aí.
levar-me de outro jeito pra dentro de ti
e te presentear com isso que me fazes sentir.

queria poder te ver sem trabalhar,
e te abraçar sem ninguém pra observar,
te ouvir falando só pra mim.
queria mostrar querer e ser querida assim.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

era ontem, é hoje, será amanhã.

não, não foi amor à primeira vista,
porque em todo o tempo eu sabia que já te conhecia.
trouxestes de volta a memória dos meus olhos,
e o meu sentir se lembrou de já ter decodificado o teu.

e é assim, sabendo que esse reencontro enfim se deu,
que sigo a viver, sabendo que sempre fui teu.
quando a poeta disse que "já era amor antes de ser",
ela sabia que eu te veria e lembraria de todo um viver.





terça-feira, 27 de junho de 2017

insone.



imaginei luzes em ribalta, desfiz as malas
deixei três gavetas pra você no armário,
coloquei na vitrola aquele nosso bolero
espalhei flores amarelas no nosso quarto

enquanto a música tocava
fui bailarina em noite de gala,
dançando ao som das nossas risadas
compondo pra Chico, te chamando de casa

um descuido com a métrica e a rima cessou.
a verdade não dita das palavras perdidas
calou a canção que tocava no céu.
o teto caiu, o chão ruiu.

acordei com a música arranhada, o vinho ainda na taça.
o escuro chegou, apagou minhas luzes
e tem esse frio que entra 
pra lembrar que esqueci a porta aberta.

e agora, onde está sua voz neste silêncio que me despe?
e o calor do seu abraço, que aconchega a nudez da minha alma? 
sem o seu olhar, bussola do meu caminho
me diz agora, como andar assim, sozinho?

 porque sua chegada não foi anunciada, 
a partida também precisa ser assim?
você chegou sem hora marcada
e agora pára o tempo ao sair de mim.

tudo foi um sonho que irrompeu a madrugada?
ou um pesadelo pra me roubar o sono?
acordei e estou aqui pensando se fico ou se abandono
essa ideia de sonhar com esse amor insano.



sexta-feira, 9 de junho de 2017

o sempre de hoje é dia





 sempre tem aquele dia que a gente não quer que amanheça.

pede pras horas correrem rápido,

torce por um hiato, um eclipse, um lapso

e reza com toda fé pra que logo anoiteça



mas a gente sabe que mesmo que isso aconteça,

o dia não finda dentro do peito

permanece o sol desértico, esse clima árido

que castiga e impede que a dor adormeça



e então a gente descobre que não tem álcool

que apague esse fogo que arde,

chama posta sobre madeira nobre

que queima devagar, sem fazer alarde.



sempre tem aquela noite que se faz dia

que não deixa sonhar os sonhos que a gente queria.

a alma confusa, a cama vazia

e a gente puxa o edredom, mas a pele continua fria.