sempre tem aquele dia que a gente não quer que amanheça.
pede pras horas correrem rápido,
torce por um hiato, um eclipse, um lapso
e reza com toda fé pra que logo anoiteça
mas a gente sabe que mesmo que isso aconteça,
o dia não finda dentro do peito
permanece o sol desértico, esse clima árido
que castiga e impede que a dor adormeça
e então a gente descobre que não tem álcool
que apague esse fogo que arde,
chama posta sobre madeira nobre
que queima devagar, sem fazer alarde.
sempre tem aquela noite que se faz dia
que não deixa sonhar os sonhos que a gente queria.
a alma confusa, a cama vazia
e a gente puxa o edredom, mas a pele continua fria.