uma pedra solta num penhasco penderá para o fim do abismo a
não ser que mil homens arrisquem suas vidas e formem uma barreira para contê-la.
ou então, que um só homem tenha uma ideia inovadora e rápida o bastante para
salvar a pedra e a vida prestes a ser esmagada por ela. o fato é que no
desenrolar do seu percurso, a pedra se machuca e machuca. ela arranha e é
arranhada. é uma luta narrada por Talião – o chão que recebe a ferida, magoado
por ter sido ‘pisado’, devolve, na mesma força e intensidade, o ferimento
recebido. é a física da vida – colhe o
que se planta.
e essa história toda de pedra, penhasco e Talião foi só pra
divagar mesmo. espertinho, meu cérebro decidiu pensar em outras coisas pra não
ter que ouvir e ler sobre o real motivo de ter-me feito sentar e escrever. não
preciso explicitar esse motivo, quem me lê nas entrelinhas decifra cada palavra
que o papel não recebe. mas o hoje e o agora precisam ficar eternizados aqui. porque
antes disso, ficaram em meu coração, alma e pensamento.
em vão minha alma tenta se refrigerar em viagens e palavras
sem nexo... a verdade é que as coisas caminham sozinhas para o destino que elas
devem ter. não falo de destino como uma força superior imutável, mas de rumo,
direção. depois que um fato determina o sentido de uma situação, será
necessária uma força cósmica para retroceder a progressão da sequência de
outros fatos consequentes ao primeiro. existem coisas que demandam mais que
querer e sonhar, que não dependem do meu eu ou da minha força de querer fazer
ser. escapam de mim e alojam-se num lugar em que não alcanço. e de tanto correr,
já não tenho força pra subir a escada. (sei que posso parecer
contraditória, mas há uma linha tênue entre o que eu quis dizer e o que possa te levar
a fazer tal julgamento).
complexo, não? mas acredite: não há como simplificar. quer
dizer, há sim, mas talvez seja dolorido demais constatar o óbvio.
... água mole em pedra dura bate tanto, que transforma a
solidez da rocha num vulnerável grão de areia.